sexta-feira, 23 de julho de 2010

Breve Hist´ria da EAD no Brasil


Três milhões aprendem no Brasil, mesmo longe do professor

Maiores usuários de educação a distância no país são empresas


Cristina Borges Guimarães escreve para a Gazeta Mercantil:

A educação a distância (EAD) já atinge quase três milhões de brasileiros, segundo levantamento do portal e-Learning Brasil da Micropower, que identificou 388 organizações que usam o sistema no país, 13% a mais que no ano passado. Isso faz do e-learning um dos segmentos na área de educação continuada e treinamento com maior taxa de crescimento.

O presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Frederic Michael Litto, destaca que os maiores usuários de EAD no Brasil são empresas, que oferecem cursos para cerca de 1,5 milhão de pessoas.

Em segundo lugar vem o Telecurso 2000, da Fundação Roberto Marinho, que possui 650 mil alunos de 1º e 2º graus ao ano, que estudam por meio da TV e de material impresso disponível nas bancas.

Os cursos por correspondência, existentes no País há mais de 60 anos, ocupam a terceira posição. Os institutos Monitor e Universal Brasileiro têm 100 mil alunos ao ano, de acordo com Litto.

"Nas universidades credenciadas pelo Ministério da Educação (MEC) são 95 mil alunos e os cursos não autorizados devem atender mais de 100 mil pessoas via e-learning", calcula.

Para o presidente da Abed, o maior obstáculo ao desenvolvimento da EAD no país é o excesso de plataformas. "Os preços variam de US$ 30 mil a US$ 2 milhões, fora os gratuitos baseados em software livre. Pesquisa da USP mostra que 55% das universidades usam plataformas desenvolvidas internamente. Ficam reinventando a roda, o que eleva o custo".

A EAD busca romper o conceito de separação física entre aluno e professor e aproximá-los, via internet, videoconferência ou sistemas interativos de televisão. "Nessa fase de transição, convivem escolas com ambientes de aprendizagem dos século XIX, XX e XXI", afirma Litto.

No Brasil, a EAD é uma alternativa à formação regular desde 1996, quando passou a ser regulada pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB).

"A regulamentação do assunto exige cuidados como flexibilidade e equilíbrio para não vulgarizar a modalidade e não travar a disseminação do ensino a distância", aconselha Litto.

Até 2007 todos os professores de 1º e 2º graus terão que completar um curso superior. Por isso a ênfase dada pelo governo no uso do ensino a distância para formar os que ainda não têm diploma. No Plano Plurianual (PPA) 2003/2007 R$ 5 bilhões foram destinados ao EAD.

"No Brasil são 250 mil professores que precisam se qualificar. Aproximadamente dois terços deles já estão sendo capacitados em programas estaduais financiados pelo MEC", conta Litto.

Mais de 30 iniciativas de criar uma universidade aberta no País fracassaram, ele continua. A primeira delas ocorreu na década de 1970 com Darcy Ribeiro.

"Se o Brasil quer ser competitivo precisa aumentar o número de jovens nas universidades. A única saída é a EAD. Sem necessariamente usar a internet, mas a TV, que tem 92% de penetração no país", diz o presidente da Abed lembrando que apenas 9% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos freqüentam universidades, enquanto na Coréia do Sul, a porcentagem é de 85%.

Na década de 1940 começou a história da EAD no Brasil, com os cursos por correspondência. Os institutos Monitor e Universal Brasileiro, pioneiros nessa história, ainda hoje ajudam a superar o problema da exclusão digital. No Brasil existem 6,35 micros para cada 100 habitantes.

A cada 100 brasileiros, apenas 7,27 são internautas. O público alvo dos institutos – trabalhadores que recebem até seis salários mínimos – sem acesso a computado e internet, são atendidos por material impresso via correio.

"Na década de 1970 o Brasil deu um grande salto no e-learning com o Telecurso e o projeto SACI, mas recuou na década seguinte, devido à descontinuidade governamental. Apenas as iniciativas privadas de cursos por correspondência sobreviveram", segundo Litto.

A retomada do processo, afirma, veio na década de 1990 quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso criou a Secretaria de Ensino a Distância no MEC. "A área de informática foi mais priorizada que a educação no governo FHC; o foco foi redirecionado no governo Lula. Mas o apoio oficial a empresas que usam e-learning deveria ser maior", reclama.

Nas empresas, o uso da EAD é motivado principalmente pela possibilidade de reduzir em até 86% os custos.

O aprendizado a distância elimina a necessidade de se manter espaços físicos para se ministrar cursos, evita custos de viagem de funcionários (e despesas com a substituição deles durante treinamentos) e corta investimento em metodologias de avaliação da aprendizagem dos colaboradores.

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=22790

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